quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Não apenas escrevi mas também mandei...

Nos últimos dias venho tentando organizar uns e-mails antigos, eis que me deparo com uma antiga carta romântica que escrevi para alguém que acabei perdendo contato.

O engraçado disto é lembrar das coisas que passavam pela minha cabeça, da intensidade de um sentimento não correspondido, do momento que eu estava vivendo, meu medo e minha coragem.

Este ano de 2008 posso dizer que me apaixonei, me senti vivo...não pelo sentimento, mas por ter entrado de cabeça, ter feito diferente e não ter me submetido ao medo de ser feliz, percebi que tentei e não me arrependo.

Chega de bla bla bla...aí vai a carta e no final uma pergunta...

Nós dissemos que não sabemos se não, mas também nunca tivemos certeza que sim. Será que em algum momento deixamos vir do coração? Nós levamos a sério e ainda disfarçamos?

Houve dias que eu ficava sozinho em casa e batia aquela coisinha, que costuma incomodar às vezes, e tudo o que esperava era que alguém entrasse pela porta naquela hora, dissesse que me adora e em apenas meia hora mudasse minha vida...mas nada é tão simples.

Nas madrugadas que estive sozinho, eu queria apenas um pouco de carinho... nessas noites frias que o silêncio traz a solidão, sabe? Queria encontrar alguém que pudesse falar sobre meu sentimento e fizesse esquecer dos desenganos e apagasse de vez a dor...mas ninguém (nem eu) parou para pensar...ninguém (nem eu) parou para me ajudar...

Em alguns dias o pensamento era de te encontrar de qualquer jeito nem que fosse só pra te levar pra casa depois de um dia normal, olhar teus olhos de promessas fáceis e te beijar a boca de um jeito que te fizesse rir...

Aliás, que sorriso, que risada...a risada que eu sempre quis, a risada mais gostosa e que em algum momento me fez achar que vida pode ser maravilhosa...e tenho certeza que pode, porque ela é.

Hoje já não sei se há mais tempo porque ele escorreu pelas nossas mãos, mesmo sem a gente sentir... e sabemos que não há tempo que volte, mas não sabemos se vivemos tudo que havia para ser vivido...Será que nos permitimos? Realmente não sei...

Tudo que sei é que consegui enxergar o quanto és divina e graciosa como uma estátua majestosa, que com muito amor, por Deus foi esculturada e foi formada com ardor da alma da mais linda flor e mais ativo olor...

Não sei se meus medos foram maiores do que eu, mas tenho consciência de que tentei e ainda tento...posso não ter usado os caminhos certos, mas tentei...talvez não com atitude necessária, talvez pudesse ter arriscado um pouco mais...sei lá...

De tudo que foi dito e no pouco que foi vivido, percebi que você talvez fosse a pessoa que eu procurava, enquanto eu andava por aí tentando encontrar alguém que fizesse com que eu deixasse a tristeza e trouxesse a esperança em seu lugar...minha dádiva, mas esta paixão que foi vivida por mim apenas, infelizmente não foi além das palavras,palavras apenas, palavras pequenas, palavras momento, mas acredito que nenhuma delas foram palavras ao vento pois o sentimento cresceu mesmo sem ser alimentado.

Não sei, não sei, não sei...acho que muito do que precisava ser dito já foi dito, mas sempre usando palavras com "SE", "TALVEZ" ,verbos no pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do pretérito...quando na verdade eu queria era apenas um verbo poeticamente intransitivo...

Então pergunto...O que você faria se recebesse uma carta assim???

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Apologia ao Silêncio


Curso de Escutatória (Rubem Alves)

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
... Escutar é complicado e sutil, diz Alberto Caeiro que 'não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma'.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: - Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios.
Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.
Na nossa civilização, se eu falar logo e logo a seguir fico em silêncio, são duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio, na verdade deve querer dizer: 'Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou'. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A quem servir...

Para quem é bom em julgar, peço desculpas por não ser exatamente aquilo que você espera.
A você que se vê num nível superior, que pensa ter as melhores respostas, peço desculpas por te surpreender quando não sou quem você pensa, aliás isto só demonstra uma coisa, você está na média assim como qualquer um de nós.
E Sim, a média é Medíocre.
Se evoluir é ser como você, prefiro minha vida de macaco na qual uso as ferramentas que a natureza me dá.
Te amo tem um bom tempo, mas em suas dúvidas deste sentimento sobra o seu medo de ser amada. Nunca chorei por isso e acho que isto não vai acontecer...
Sua confusão entre um ato de carinho e um ato de forçar algo que não existe ultrapassa a linha do ridículo não apenas diante dos meus olhos e sim de todos que estão a nossa volta.
Seu ciúmes já não fere mais porque agora sei que ele é mais crônico do que a bronquite do meu irmão.
Até tenho mais a dizer, portanto se a carapuça lhe servir me procure...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

E daí?




Não é todo dia que se ouve algo deste nível...

(Milton Nascimento e Ruy Guerra)

Tenho nos olhos quimeras
Com brilho de trinta velas
Do sexo pulam sementes
Explodindo locomotivas
Tenho os intestinos roucos
Num rosário de lombrigas
Os meus músculos são poucos
Pra essa rede de intrigas
Meus gritos afro-latinos
Implodem, rasgam, esganam
E nos meus dedos dormidos
A lua das unhas ganem
E daí?

Meu sangue de mangue sujo
Sobe a custo, a contragosto
E tudo aquilo que fujo
Tirou prêmio, aval e posto
Entre hinos e chicanas
Entre dentes, entre dedos
No meio destas bananas
Os meus ódios e os meus medos
E daí?

Iguarias na baixela
Vinhos finos nesse odre
E nessa dor que me pela
Só meu ódio não é podre
Tenho séculos de espera
Nas contas da minha costela
Tenho nos olhos quimeras
Com brilho de trinta velas
E daí?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Altruísmo ou Egoísmo???

Algumas semanas atrás em uma festa, eu estava conversando com alguns amigos quando mais uma vez veio o assunto Isabella Nardoni, de fato não é um assunto muito legal para ser falar em uma festa, tentei mudar o rumo da prosa mas a pessoa insistiu em continuar falando mesmo quando não estava agradando, algumas pessoas se afastaram, mas eu não

Pessoa – Nossa que coisa horrível fizeram com aquela menina Isabella, né? Onde é que este mundo vai parar...estou extremamente abalada, tenho chorado quase todos os dias.

Pela inconveniência da pessoa, não resisti e deixei falar por uns 20 min sobre o caso, ela sabia o nome dos advogados, quantas páginas já tinha o processo, quais eram as possibilidades de condenação e todas possíveis penas que teriam que cumprir o tal casal assassino. Ah...importante dizer que a pessoa não era advogada, mas estava com o código penal na ponta da língua, afinal a Globo praticamente deu um “Telecurso 2000” de Direito Criminal.

Eis que abri minha boca grande, já que não sou o fã nº 1 da pessoa e estava um pouco alcoolizado, achei pertinente levantar algumas coisas, no princípio foi por um pouco de provocação, mas depois o assunto ficou mais sério.

Eu – Você ficou sabendo, do menino que morreu de fome no nordeste esta semana???

Ela – Não...- com uma cara de não muitos amigos por ser interrompida enquanto demonstrava seu “sofrer” – não estou sabendo não, mas o que isto tem a ver com esta nossa conversa?

Eu – Tudo...

Ela – Como assim tudo, a menina foi assassinada, foi um crime que abalou todo mundo, você não se sentiu abalado?

Eu – De verdade não, não foi uma pessoa próxima, não foi em minha família. Achei uma coisa horrível realmente, ela não merecia, mas não posso ser hipócrita em afirmar que me abalei porque não estaria sendo verdadeiro, nem comigo e nem com as pessoas a minha volta. Veja do seguinte ponto...não é estranho você se abalar com a morte de uma criança brutalmente assassinada que a mídia resolveu explorar o caso e não se abalar com a morte de outra criança brutalmente assassinada?

Ela – Mas uma morreu assassinada e a outra morreu de fome.

Eu – E ser vítima da fome não é a mesma coisa que ser assassinada em um país considerado o segundo maior produtor de grãos do mundo, primeiro em exportação de carne...se isto não é assassinato, não sei o que é então.

Silêncio...

Quero deixar claro aqui que não estou diminuindo a morte de nenhuma das duas crianças e nem dizendo que as dores geradas às mães de ambas são diferentes, mas estranho quando passamos a achar importante só aquilo que nos é jogado na cara, ou seja, o que a Globo resolve colocar no ar.

Antes de ser criticado pelo que falei, quero dizer que não fiquei feliz pelo caso trágico que acompanhamos, mas fiquei assustado ao observar como as coisas passam pelos seres humanos, temos a estranha ou fantástica capacidade de relevar os fatos e prestar atenção apenas naquilo que nos interessa e me assusto ainda mais quando vejo pessoas interessadas na questão somente porque a mídia mostrou.

Não estou dizendo que sou uma pessoa exemplar e assumo que faço muito menos do que eu poderia pelas pessoas, assumo também que minhas preocupações estão muito mais ligadas ao que me interessa, sendo família, trabalho, amigos e eu mesmo.

Egoísta talvez, mas quem não é? Sei que tenho bondade em meu coração, compartilho da forma que posso ou quero, já me disseram que sou uma pessoa altruísta, é bem possível que sim, mas só se for no conceito budista.

No budismo, o altruísmo é considerado o caminho que nos leva à iluminação. Uma atitude altruísta pode ser interpretada como caridade se bem relacionada com os interesses do próximo. Agir de forma altruísta, é dar-se ou beneficiar alguém em troca dos mesmos prazeres. Por ser uma atitude de divisão, não se trata de um pensamento egoísta, no entanto, uma atitude altruísta pode ser confundida com egoísmo, quando misturamos nossos prazeres pessoais com a insatisfação de quem os recebe. No budismo, ser altruísta em geral é muito positivo, além do grande prazer em dedicar-se ao outro, cria laços de confraternização, o que nos faz crescer interna e externamente. Quando reconhecemos as necessidades alheias, sentimos nossa percepção do mundo ampliar. A vida tem significados maiores quando somos úteis e nos sentimos mais ativos socialmente.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um pouco de mim...


Hoje pediram e o engraçado é que eu já estava disposto a compartilhar...um pouco de mim.

Li este texto do post abaixo e achei interessante colocar aqui, tenho pensado muito em questões mais radicais, ou seja, de forma mais profunda buscando minha verdadeira essência. (Isto é bom???)

Obviamente isto é fruto de uma sequência de fatos nos quais questiono a "supremacia" que costumo exibir sobre minha vida.

Por não ser uma pessoa muito (quero dizer nem um pouco) religiosa e um tanto quanto (muito) afastado de minha espiritualidade, me vi apegado ao hoje, sendo superficial, escondendo e acumulando coisas do mundo (de mim).

Sim, estou buscando meu caminho, mas percebo minha uma falta de ... (alguma palavra cabe aqui?), quando encontro boas estradas não me dou por satisfeito e acho que devo buscar estradas melhores, alguns dizem que isto é bom...buscar o melhor, mas já percebi que a frustração da insatisfação é terrível também, os atalhos para chegar a novos caminhos podem ser esburacados e sofridos. Isto não é tudo, às vezes o atalho de 5 km leva apenas 1 km a frente da estrada que já estamos.

Estou no atalho hoje e querendo ir para alguma estrada (qual?), parece que choveu muito e acabei atolando, liguei pedindo ajuda e parece que já vem vindo...

Arqueologia Cognitiva (Renato da Silva Queiroz)


As origens da arte, da religião e da ciência

A mente dos humanos modernos produz conhecimentos e os redireciona para propósitos diversos daqueles aos quais se aplicavam originalmente. Tal capacidade mental requer um cérebro poderoso e multifacetado, organizado de tal modo que os processos cognitivos em seu interior, a despeito de especializados, possam fluir e recombinar-se sem restrições. Disso decorrem a flexibilidade e a criatividade do comportamento humano.

O surgimento desse tipo de mente, única entre os seres viventes, é produto de um longo trajeto evolucionário, cuja pormenorizada reconstituição encontra-se neste instigante livro de Steven Mithen, arqueólogo inglês que, para tanto, recorre a saberes da biologia, antropologia e psicologia, entre outras disciplinas científicas. Todavia é o método arqueológico que o conduz pelas sendas das demonstrações.

"Se quiserem conhecer a mente, não procurem apenas psicólogos e filósofos: certifiquem-se de também procurar um arqueólogo", adverte Mithen, enfatizando que a mente humana resulta tanto da nossa história evolutiva quanto dos contextos em que os indivíduos se desenvolvem. A mente dos humanos modernos é fruto do processo de expansão cerebral, conhecido como "encefalização", e do desenvolvimento de inteligências especializadas, cujos conhecimentos, antes nelas aprisionados, se integraram graças ao mecanismo gerenciador exercido pela consciência. Essas inteligências múltiplas e o autor propõe a existência de pelo menos quatro delas: social, naturalista, técnica e lingüística, que se foram desenvolvendo de forma mais ou menos estanque ao longo do processo evolucionário, em resposta a numerosas pressões seletivas, se integraram, finalmente, na transição do Paleolítico Superior ao Médio.

Pode-se identificar o período em que se deu tal integração, caracterizada por uma enorme fluidez cognitiva, observando-se as primeiras manifestações de percepção estética traduzidas em obras de arte (figuras esculpidas e pinturas rupestres) e a emergência de representações religiosas. Escassas são as peças que se oferecem à reconstituição da pré-história da mente humana.

Até o aparecimento das primeiras modalidades de escrita, surgidas há uns 5.000 anos, os vestígios que nos foram legados pelos nossos ancestrais nos últimos 2,5 milhões de anos não vão muito além de utensílios de pedra, restos de alimentos, figuras fixadas em pequenas esculturas e pinturas rupestres. Entretanto esse exíguo material, submetido ao rigoroso exame do autor e por ele confrontado com o comportamento de chimpanzés e grupos de caçadores-coletores modernos, conferiu suporte às suas convincentes interpretações.

Um dos fundamentos da reconstituição empreendida por Mithen é o princípio da recapitulação, segundo o qual a ontogenia recapitula a filogenia, postulando o autor que se podem vislumbrar nas etapas de desenvolvimento mental da criança as fases da evolução cognitiva dos nossos ancestrais. Nessa medida, tem-se, num primeiro período evolucionário, uma inteligência geral, indiferenciada, incapaz de sustentar a elaboração de padrões complexos de comportamento, inteligência suficiente apenas para a aquisição de condutas relativamente simples, sujeitas a erros freqüentes e dependentes de um ritmo lento de aprendizado. Depois, despontam as inteligências especializadas, cada uma delas tomando conta de um domínio comportamental específico, com o que se amplia a capacidade das operações cognitivas.

Ocorre, porém, que nessa etapa intermediária os conhecimentos pertinentes a cada um dos domínios ainda estão contidos em seus módulos específicos (a imagem é a das lâminas de um canivete suíço), não se verificando, pois, significativo fluxo de informações entre eles. Finalmente, adquire-se a fluidez cognitiva, donde a dramática ampliação das capacidades mentais e a plena configuração da mente do homem moderno-criativa, flexível e imaginativa.

O mais importante arquiteto da mente, a seleção natural, processo lento e gradual, desprovido de direção ou de objetivos predeterminados, terminou por favorecer a integração das inteligências múltiplas, dando margem à riqueza dos processos mentais, que se traduzem em metáforas e analogias, e à nossa inesgotável imaginação.

Dessa perspectiva, a capacidade simbólica e os estados mentais que se expressam por meio da arte, da religião e da ciência, criações exclusivas do homem moderno, já germinavam nas mentes de nossos ancestrais.

Steven Mithen rastreou o percurso da construção dessa mente dotada de fluidez cognitiva, sem a qual os humanos seriam incapazes de construir e representar o ambiente culturalmente complexo que fizeram para si mesmos. Em seus comportamentos se entranham dimensões práticas e simbólicas, neles interligando-se profundamente a manipulação e a transformação de objetos físicos, coordenadas pela inteligência técnica, a interação com o mundo natural, orientada pela inteligência naturalista, a habilidade de reconhecer indivíduos e inferir os seus estados mentais, favorecida pela inteligência social, e a aquisição e os múltiplos usos da linguagem, possibilitados pela inteligência linguística.

O autor data as primeiras formas de expressão artística em aproximadamente 40 mil anos, situando-as no continente europeu e na "explosão criativa" do Paleolítico Superior. Contudo novas descobertas parecem localizá-las em terras africanas, há uns 80 mil anos. Mesmo estando corretas essas derradeiras estimativas, vê-se que a emergência do homem moderno é bastante recente. Logo, prematura pareceria qualquer conclusão quanto à capacidade dessa mente, tão complexa e cognitivamente tão fluida, de prover a nossa espécie não só das artes de subsistência como também - e sobretudo - de uma ciência que nos proteja da extinção.

(Fonte: Folha de São Paulo - Jornal de Resenhas - 13 de março de 2004)

RENATO DA SILVA QUEIROZ é professor do departamento de antropologia da USP.

A Pré-História da Mente Steven Mithen Tradução de Laura Cardellini Barbosa de Oliveira Ed. Unesp

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Música do Inspiradora...ou seria musa???


E no meio de tanta gente eu encontrei você
Entre tanta gente chata sem nenhuma graça, você veio
E eu que pensava que não ia me apaixonar
Nunca mais na vida

Eu podia ficar feio só perdido
Mas com você eu fico muito mais bonito
Mais esperto
E podia estar tudo agora dando errado pra mim
Mas com você dá certo

Por isso não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais

Eu podia estar sofrendo caído por aí
Mas com você eu fico muito mais feliz
Mais desperto
Eu podia estar agora sem você
Mas eu não quero, não quero

Por isso não vá embora
Por isso não me deixe nunca nunca mais

Vídeo - Não vá embora

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Free Hugs



Esta semana lembrei de um post que eu queria ter colocado tem um bom tempo, mas também me falatava tempo.

Quem me conhece sabe o quanto gosto de abraçar as pessoas e que realmente sou a favor da teoria de que "Um abraço e um copo d'água não se nega a ninguém."

Resolvi pequisar algumas coisas sobre abraços e encontrei algumas coisas legais como a "Terapia do Abraço" (The Hug Therapy - Kathleen Keating) e a "Campanha Abraço Grátis" (Free Hugs), valeu a pena!!!

Abraço Padrão: Fiquem de pé olhando um para o outro, braços envolvendo os ombros, os lados da cabeça apertados um contra o outro, e os corpos inclinados para a frente sem se tocar absolutamente abaixo do nível dos ombros. Assim. Esse é um abraço padrão. O tempo gasto neste tipo de abraço normalmente é breve, uma vez que significa quase sempre "olá" ou "até logo".

Abraço de Urso: Aquele abraço apertado, cheio de energia, que nos envolve e às vezes chega a nos tirar o ar. Naqueles dias em que a gente não consegue botar pra fora, e está lá se auto-reprimindo na concha, esse abraço faz com que o novo ar possa entrar na gente... "No abraço de urso tradicional (assim chamado devido aos membros da família Ursidae, que tão bem o praticam), uma pessoa geralmente é maior e mais larga do que a outra, mas isso não é indispensável para manter a qualidade emocional do abraço de urso. Quem for mais alto poderá permanecer de pé ou levemente curvado sobre o parceiro mais baixo, envolvendo firmemente os ombros deste com os seus braços. O parceiro mais baixo fica de pé com a cabeça apoiada no ombro ou no peito do parceiro mais alto, braços enlaçados - também firmemente - em volta de qualquer área entre a cintura e o peito, que eles alcancem. Os corpos se tocam num apertão forte, vigoroso, que pode durar de cinco a dez segundos, ou mais."

Abra Xôxo: Sem graça, sem vontade, é aquele falso abraço, onde não de dá nem se recebe nada, apenas se cumpre um protocolo bobo.

Abraço com tapinha: Dado principalmente por homens, sendo um jeito criativamente yang de se substituir a emissão de energia através do contato constante. O machismo repele o contato, mas o espírito de amizade cria esse método...

Abraço envolvente: Mais comum entre os casais, embora não seja ato exclusivo destes. É similar ao abraço de urso, onde os corpos se tocam sem restrições. A diferença é que enquanto o abraço de urso enfatiza um "apertão forte e enérgico", o abraço envolvente vai primar pela duração do contato físico. Costuma-se procurar e receber a cabeça do outro que repousa sobre peito ou ombro.

Abraço Noturno: "Esse é um abraço familiar, acontece entre casais, entre filhos e pais, entre irmãos e também pode ser cultivado entre amigos íntimos.É assim, a gente se enrosca um no outro e coloca a cabeça no peito do outro e fica bem grudadinho, ouvindo música ou vendo um filme no vídeo. Assim dá a sensação de que tudo pode ser gostoso e quentinho como aquele momento, ou então, se as coisas vão mal, traz a sensação de estarmos seguros em nossa união, amor e Calor Humano, até que tudo se transforme". (Cristina Giese)

Abraço Cantado: Aquele abraço em que a energia presa se solta. Emite-se um gemidinho.

Abraço com Balancinho: Gosta de vir junto com o abraço cantado. Se o abraço é o colinho versão "crescida", o balancinho seria o balancinho que acompanha o colinho tantas vezes... Não é relaxante?

Abraço de Ladinho: Muito usado para comemorações, para que os "abraçadores-abraçados" possam olhar para um mesmo lugar ou ter mais liberdade para pular, dançar ou cantar enquanto se

Abraço poste: é quando a pessoa abraçada fica envergonhada e endurece o corpo e a sensação de quem abraça é a de estar realmente abraçando um poste, sem vida, frio, rígido.

Abraço the flash: é o abraço com a velocidade da luz, não dá nem para sentir de tão rápido

Abraço do machão: é aquele que quem abraça bate tão forte nas costas do outro que até faz perder o ar.

Abraço com tabu: este modelo é tão tímido e cheio de tabus, que os abraçados só encostam as partes de cima, do peito para baixo fica tão distante que dá até para passar uma outra pessoa no meio.

Abraço da tia: é aquele que a outra pessoa fica falando um monte de blá, blá,blá no seu ouvido enquanto te abraça: feliz páscoa, feliz natal, como você cresceu, que saudades, foi muito bom te conhecer, seja feliz, tudo de bom...

Abraço feminino: é o tipo de abraço que as duas pessoas ficam balançando de um lado para outro em um ritmo frenético e sintonizado; um lidera e o outro acompanha. Haja jogo de cintura!

Abraço do tarado: é o oposto do tabu. A parte de baixo sai na frente. Se a pessoa for vista por um angulo lateral é como se ela estivesse sido acertada por um tiro de canhão na parte baixa das costas. Da cintura para baixo, a pessoa está visivelmente no futuro.

Abraço do massagista: enquanto a pessoa abraça ela faz massagem, muitas vezes alisando as costas da vítima.

Abraço de Olho Aberto: Quando tememos algo à nossa volta, quando aquele abraço parece inconveniente. Mas qdo olhamos p cima com alegria,é que estamos fazendo uma imagem maravilhosa daquele momento. Quando olha-se perdidamente, é que o abraço está remetendo ao passado. Quando olhamos para baixo estamos evocando o sentimental com toda a força. Tende-se ao drama.

Abraço sem Jeito: Um abraço dado em situação embaraçosa. Ocorre sempre que um ou os dois "abraçadores" não tem intimidade com o outro. É também um abraço que surpreende, e dependendo da situação pode ter mensagens muito variadas.

UPA!: terno abraço dado pelos pais em suas crianças, ou pelas crianças em seus pais. É um agarro firme e gostoso, seguido de uma respiração profunda e a expressão "UPA", que pode ser rapidinha ou comprida, acompanhando o tempo do abraço: "UUUUPPPAAAAA!!!!"

Abraçando um Pertence: Você já teve um bichinho, um lençol, até mesmo uma bola, enfim, um objeto com o qual você dormisse? Então você já sabe do que se trata este aconchegante abraço. Tais objetos podem representar mil coisas no simbólico, mas algumas sensações tem uma repetição mais freqüente: a de "guardião do sono", em que o objeto é símbolo de segurança; a de profunda identificação e idolatrização (a alegoria do totem também é bem quista neste caso) com o tema do objeto (o tipo exemplo do menino que se realiza jogando futebol e à noite dorme com a bola. Embora esse tipo de abraço seja mais comum entre as crianças, ele também existe entre os adultos. Um bom exemplo disso é o apego que alguns tem pelo carro próprio, que nele deve representar valores mais típicos da carência adulta, como independência e liberdade.

Abraço de Despedida: Às vezes é breve e a ele se segue uma olhada para baixo. Em outros, trata-se de um longo abraço, em que ambos se comprimem, como se frisassem que o laço não será desfeito após a despedida, ou pelo menos esse seria o desejo mútuo. Muitas vezes são acompanhados de dizeres sentimentais. Os olhos sempre estarão fechados.

Abraço para afastar o Medo: O medo aqui em seu sentido mais primal leva as pessoas a se abraçarem. As crianças são mais facilmente impelidas a isso, mas quando o estimulo de medo é forte o bastante para cortar a racionalidade desenvolvida nos adultos, também se desenvolve esse mesmo "reflexo". Vemos isso nos parques de diversão onde o perigo simulado hoje é tônica, e também nas tristes situações reais onde mais de uma pessoa encontram-se impotentes diante da morte eminente.

Abraço de Umbigo: o melhor do abraço é aquele que recebe e transmite carinho, como se os canais de energia se abrisse, e um pouquinho de nossa essência fosse para o outro, e um pouqiunho da essencia do outro viesse para nós. O abraço em que os umbigos se tocam é o abraço de abertura e expressa que se dá intimidade afetiva ao outro.

Abraço do GUTO...rsrsrsrs

Com relação ao FREE HUGS, segue aí o link http://www.freehugscampaign.org/

segunda-feira, 24 de março de 2008

Jogue o Jogo



Semana interessante, pessoas novas e pessoas antigas, não velhas, mas antigas...sem as sensações antigas o momento foi único.

Uma das poucas vezes que me senti com total controle da situação, sei que estava mentindo para mim mesmo, mas e daí, eu precisava disto.

Lamento sim pelo Julgamento de Fora...nem que eu tentasse explicar, o focinho do porco jamais deixaria de ser tomada.

Liguei o foda-se e me perguntei: Qual é o limite da provocação?

Entre um alfinete e outro, sobram provocações!!!

Tudo calculado e nada previsto. Todo mundo tem certeza, mas mais uma vez a certeza foi a pior inimiga da verdade...

Sei que isto não é bem minha cara.

O interessante foi a que parecia ser boba ali, olhando de longe, foi a única a perceber exatamente o que aconteceu e disse apenas uma palavra...Arrasou!!!

E por falar em "Arrasou" esta menina deveria ser de domínio público...rsrsrsrs

Fiz de propósito? Sim...

Foi premeditado? Não...

Nível de importância? Muito baixo...

Valeu a pena? Sim...

Nível moral? Quase Nulo...

Eu nunca falei que era bonzinho, mas a verdade é que sou - quando me convém.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Apenas bons amigos...



É estranho como algumas coisas se repetem em nossas vidas, oportunidades abandonadas retornam sem aviso, mas o que seriam exatamente, oportunidades ou tentações???

Sim tenho vontades, vontades instintivas, vontades masculinas, vontade de fazer o que não devo, fazer o que muitos acreditam que já aconteceu, fazer o que eu mesmo já me convenci que fiz, mas não foi nesta realidade.

Já perdi a conta do número de intenções, não consigo me convencer que não quero, mas me convenço que não posso.

Tentação, bendita ou maldita tentação???

Nasci em tentação, cresci em tentação e estou em tentação.

Não tenho nada a perder, não devo nada, mas ela com certeza passará por momentos mais
complicados em contradições de amor e ódio, aliás por que será que elas são tão especialistas em contradições???

O ombro amigo não é mais ombro apenas, mas o amigo não pode passar de amigo...

Respeito, bendito ou maldito respeito???

Te respeito pela amiga, mulher e menina que é.

Te respeito pelo amigo, homem e menino que sou.

Queria que ela fosse uma outra pessoa, uma qualquer, quem sabe assim eu sairia da tentação e entraria na satisfação, ao mesmo tempo quero que seja ela.

É possível querer uma pessoa sexualmente e amá-la apenas fraternalmente???

Nunca coloquei em dúvida a existência deste amor, mas coloquei em dúvida várias vezes este meu querer...ele é real?

Não sei a resposta para esta pergunta, mas sei que ele é de Lua, vem e vai.

E pela primeira vez veio e realmente incomodou...sua boca me incomoda, seu cabelo me incomoda, seu pescoço me incomoda, seu olhar me incomoda e seu toque...ah, deixe pra lá!!!

Desejo, bendito ou maldito desejo???

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Covinha...

s.f. Dimin. de cova. / A depressão circular que se forma nas faces na ocasião do riso, ou a que algumas pessoas têm naturalmente no queixo.

Mas que visão simplista, há muito mais por trás de uma covinha do que se pode imaginar!!!

Qualquer coisa...



Como eu precisava escrever qualquer coisa...aí está!!!

Esse papo já tá qualquer coisa
Você já tá prá lá de Marraquesh

Mexe qualquer coisa dentro doida
Já qualquer coisa doida dentro mexe

Não se avexe não, baião de dois, deixe de manha, deixe de manha
Pois sem essa aranha, sem essa aranha, sem essa aranha
Nem a sanha arranha o carro, nem o sarro arranha a Espanha
Nessa tamanha, nessa tamanha, esse papo seu já tá de manhã

Berro pelo aterro, pelo desterro
Berro por seu berro, pelo seu erro
Quero que você ganhe, que você me apanhe
Sou o seu bezerro gritando mamãe

Esse papo seu tá qualquer coisa
E você tá prá lá de Teerã
Qualquer coisa...