segunda-feira, 7 de junho de 2010

Sawabona Shikoba

Flávio Gikovate

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o inicio deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.

O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.

Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.

A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo.

Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo.

O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.

A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado.

Visa a aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades.

E ela só é possível para aqueles que conseguem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva.

A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa.

As boas relações afetivas são ótimas, são muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.

Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.

Cada cérebro é único.

Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém.

Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal. Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável.

Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado.

Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo…

Caso tenha ficado curioso(a) em saber o significado de SAWABONA, é um cumprimento usado no sul da África quer dizer "Eu te respeito, eu te valorizo, você é importante para mim".
Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA que é "Então eu existo para você".

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Quando o sapato serve

Ch'ui o desenhista
Podia fazer um círculo perfeito à mão livre melhor
Do que com um compasso.

Seus dedos produziam
Formas espontâneas do nada. Sua mente
Ficava livre e sem preocupação
Com o que ele estava fazendo.

Nenhuma aplicação era necessária
Sua mente era perfeitamente simples
E não conhecia nenhum obstáculo.

Assim, quando o sapato serve
O pé é esquecido,
Quando o cinto serve
A barriga é esquecida,
Quando o coração está certo
"Prós" e "contras" são esquecidos.

Sem impulsos sem compulsões,
Sem necessidades, sem atrações:
Então seus assuntos
Estão sob controle.
Você é um homem livre.

Fácil é o certo. Comece certo
E você está à vontade.
Continue fácil e você está certo.
O jeito certo de ir fácil
É esquecer o jeito certo
E esquecer que ir é fácil.

~ Chuang Tzu ~

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Fora...

Não vale a pena...

Ficou difícil
Tudo aquilo, nada disso
Sobrou meu velho vício de sonhar
Pular de precipício em precipício
Ossos do ofício
Pagar pra ver o invisível
E depois enxergar

Que é uma pena
Mas você não vale a pena
Não vale uma fisgada dessa dor
Não cabe como rima de um poema
De tão pequena
Mas vai e vem e envenena
E me condena ao rancor
De repente, cai o nível
E eu me sinto um imbecil
Repetindo, repetindo, repetindo
Como num disco riscado
O velho texto batido
Dos amantes mal-amados
Dos amores mal-vividos
E o terror de ser deixada
Cutucando, relembrando, reabrindo
A mesma velha ferida
E é pra não ter recaída
Que não me deixo esquecer

Que é uma pena
Mas você não vale a pena

terça-feira, 7 de julho de 2009

Arte ou não?

Discussão interessante mas que com certeza não terá fim, nem final e nem finalidade, tudo que é dito como não-arte pode se dizer que foi definido baseado em um conceito de arte previamente estabelecido, logo preconceito.

Dicionário


arte
ar.te1
sf (lat arte) 1 Conjunto de regras para dizer ou fazer com acerto alguma coisa. 2 Livro ou tratado que contêm essas regras. 3 Obra didática, que contém os princípios de alguma disciplina. 4 Execução prática de uma idéia. 5 Saber ou perícia em empregar os meios para conseguir um resultado. 6 Filos Complexo de regras e processos para a produção de um efeito estético determinado. 7 Habilidade. 8 Artifício. 9 Maneira, modo, jeito. 10 Profissão, ofício. 11 Manufatura. 12 Habilidade calculada, por vezes, inocente, mas, outras vezes, implicando dissimulação e hipocrisia; artimanha, astúcia, engano. 13 Maldade, malícia. 14 Ação ruim. 15 Travessura de criança; traquinada. 16 Sociol Objetivação social, isto é, coisa que, como os outros fenômenos culturais, é determinada, em forma e conteúdo, pela estrutura social.

16 definições e nenhuma dizendo liberdade para criar algo que afete aos sentidos e por algumas vezes gera sensações, será que este meu conceito está errado???

Um tempo atrás, Marco Evaristti, artista plástico dinamarquês, utilizou 3 mil litros de tinta para tingir de vermelho um iceberg de 900 metros quadrados, na Groenlândia.


Uma vez concluído o trabalho, Evaristti declarou: "É tão poético. Parece uma ervilha vermelha."









A cobertura jornalística do evento fez o que pôde para desacreditá-lo. Muitas matérias enfatizaram que todo o trabalho durou apenas duas horas. Mas será que esse é um critério relevante para se definir o que é arte?

Evaristti criou uma nova experiência estética. Imbuído de um refinado senso artístico (e de oportunidade), ele inseriu uma cor em um ambiente onde ela simplesmente não existia, criando assim um efeito visual novo, inédito e de tirar o fôlego.

Outra estratégia para desacreditar Evaristti na imprensa foi mencionar sua exposição anterior: uma série de liquidificadores, com peixinhos dourados nadando dentro. Visitantes poderiam, se quisessem, ligar os aparelhos e matar os peixes.


Evaristti afirmou que seu objetivo era propor um dilema ético, de vida ou morte, às pessoas, "um protesto contra o cinismo e a brutalidade do mundo em que vivemos".

Um visitante cínico e brutal, entretanto, apertou o botão e matou dois peixes. O museu foi prontamente denunciado por uma organização de proteção aos animais e, pelo resto da exposição, os liquidificadores tiveram que ficar desligados.

O caso acabou indo a julgamento, pois o museu se recusou a pagar a multa, alegando que o objetivo da arte era justamente desafiar nossos conceitos de certo ou errado.

Veterinários e até mesmo funcionários da fábrica de liquidificadores testemunharam que os peixes morreram instantaneamente. Como não houve "sofrimento prolongado", o juiz absolveu o museu da acusação de crueldade aos animais.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um pouco mais dos mesmos

Minhas últimas semanas tem sido marcadas por situações cada vez mais difíceis de entender...a facilidade de culpar o mundo por nossas burradas ou mesmo por não conseguirmos atingir aquilo que desejamos está cada vez maior.

A necessidade de algo superior a gente que nos impeça de ser feliz, é a melhor forma de resumir a nossa mediocridade.

Portanto anuncio aqui que a vida é uma merda porque:

- Deus não me passou o número da loteria e se ele não passa eu não jogo;(Se Deus quiser eu mudo de vida!!!)
- Meu professor não me deu a nota que eu precisava para passar, só porque eu não estudei; (Se ele fosse um bom professor me daria nota...)
- Minha empresa não me dá a oportunidade que eu quero para mudar de carreira; (Se me desse a oportunidade eu poderia virar astronauta.)
- Minha namorada é uma idiota, grossa, não faz o que eu peço, fora que a família dela é phoda; (Se minha namorada não fosse assim eu teria um melhor relacionamento com ela)
- To fudido de grana; (Se o fdp do banco não cobrasse juros tão alto talvez já estivesse mais tranquilo)

E assim vai!!! Só um comentário sobre tudo isto "A VIDA É DURA".

Se você é do tipo que cansou de não ter as coisas fáceis, digo que eu cansei deste papo, aliás este papo já está velho demais.

Ah...só para não esquecer, conversando com uma professora estes dias ela disse que isto tudo que falei aí em cima é material de um estudo chamado "Locus de Controle" quem puder dar uma olhada vale apena.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Circulação em SP é uma das piores do mundo, diz estudo

Agência Estado



Uma extensa pesquisa cartográfica comparando cidades do mundo inteiro constatou o que os motoristas paulistanos costumam descobrir na prática dos congestionamentos diários: São Paulo é mesmo um labirinto. Nessa confusão de ruas, alamedas, avenidas e marginais, nem sempre é fácil alcançar a saída. O estudo dos mapas de 164 cidades do mundo coloca a capital paulista na 156ª posição, num ranking em que estar atrás significa mais dificuldade de deslocamento para quem circula. Nessa lista, São Paulo está bem longe, por exemplo, de Nova York, Los Angeles e Cidade do México - as três primeiras do ranking.

O urbanista Valério Medeiros, pesquisador da Universidade de Brasília e autor do estudo, tinha a curiosidade de saber como a forma das cidades interfere na mobilidade. Com mapas de 44 cidades brasileiras em mãos, identificou todas as rotas e trajetos possíveis de serem percorridos por carros e calculou, com o auxílio de um software, o "grau de integração" de cada uma. Depois, em Londres, onde concluiu o estudo, agregou pesquisas de outros urbanistas da área. "Nessa análise, não importa a quantidade de ruas, mas como se organizam e como estão conectadas", explica.

Segundo ele, o desenho de uma cidade pode explicar os congestionamentos e até por que as pessoas se perdem com mais facilidade. No caso de São Paulo, a falta de integração do sistema viário é o que deixa os motoristas encurralados, muitas vezes sem outra opção a não ser encarar o trânsito caótico. O índice obtido para a capital paulista foi de 0,373. Muito atrás da cidade brasileira com melhor grau de integração: Porto Velho, com 1,458. Nas duas piores cidades do ranking - Florianópolis (0,199) e Rio (0,303) -, o maior empecilho é a geografia, que acaba tornando as distâncias maiores. "São poucos caminhos fazendo conexões." As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Comentário: O engraçado é você pegar o trânsito da cidade todos os dias e depois ter que ler que alguém fez um estudo e teve que ir a Londres para chegar a mesma conclusão que você.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Momentos...

Acho que felicidade é quando a soma de seus momentos de alegria é maior do que soma de seus momentos de tristeza. Se eu precisasse pensar para responder a pergunta "Você é feliz?" talvez tivesse uma resposta Sim e Não, isto porque pararia para analisar toda uma vida e como toda análise, seria um processo complexo. Aí estaria o problema...A FELICIDADE É SIMPLES!!!

O último fim de semana em SP ocorreram fatos que me mostraram como devo ser grato, não sei a quem e nem a o que, mas muito grato mesmo. Vamos rever:

1) Café da manhã na Bella Paulista - em apenas um fim de semana isto aconteceu duas vezes;

2) Compra um presente para quem ama - não é o fato de gastar dinheiro ou adquirir algo mas sim o abraço que se ganha que não tem preço nenhum;

3) Almoço em Família - La Pergoletta, clima ótimo. Meu avô tinha esquecido o aparelho de ouvido então pedia que falássemos mais alto, óbvio que imaginei minha vó dizendo para meu avô pegar o aparelho e como não ouviu ele acabou esquecendo. Dizer isto e ver seus avós chorarem de rir não tem preço...

4) Show do Oasis - boa música, boa cia, boa energia, mau humor do músico, boa chuva (lava a alma), all star branco molhado e dedos enrugados;

5) Um pulinho na Trash 80's - não conheci uma balada que me divertisse tanto, Freedom, Sonho de Ícaro e claro muita, mas muita Farofa;

6) Dia das mães - consegui ver quatro gerações mulheres que admiro muito juntas, isto sim é um momento raro, Conceição (Bisavó), Mariza (Vó), Ceição (Mãe) e Di (Irmã);

7) Volta ao RJ - Viagem nos Braços de Morfeu...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Vidro, Espelho, Branco e Preto

A escrita por muitas vezes foi a melhor forma de expressar o que passava por mim, seja mente, espírito, corpo e claro coração, mas os últimos tempos foram de quietude.

Este silêncio não aconteceu por uma ou duas ocasiões, não foi porque não tinha o que dizer, mas sim pelo simples fato de querer guardar o que deveria ser guardado, trabalhado, pensado e porque não remoído.

Dizem que fazer isto que fiz não faz bem, mas quando faço isto porque sinto que preciso mastigar, digerir, absorver e não simplesmente rebater.

Mas o Guto é assim, às vezes vidro e tudo atravessa, às vezes espelho e tudo rebate, às vezes tela em branco e tudo absorve e às vezes tela preta quando nada demonstra.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Ironic (Alanis)



An old man turned ninety-eight
He won the lottery and died the next day
It's a black fly in your Chardonnay
It's a death row pardon two minutes too late
Isn't it ironic... don't you think?

It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
Who would've thought... it figures

Mr. Play It Safe was afraid to fly
He packed his suitcase and kissed his kids good-bye
He waited his whole damn life to take that flight
And as the plane crashed down he thought
"Well, isn't this nice."
And isn't it ironic ... don't you think?

Well life has a funny way of sneaking up on you
When you think everything's okay and everything's going right
And life has a funny way of helping you out when
You think everything's gone wrong and everthing blows up
In your face

A traffic jam when you're already late
A no-smoking sign on your cigarette break
It's like 10,000 spoons when all you need is a knife
It's meeting the man of my dreams
And then meeting his beautiful wife
And isn't it ironic... don't you think?
A little too ironic.. and yeah I really do think...

Well life has a funny way of sneaking up on you
And life has a funny, funny way of helping you out
Helping you out

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Amadurecência (Teatro Mágico)

A poesia prevalece!!!
O primeiro senso é a fuga.
Bom...
Na verdade é o medo.
Daí então a fuga.
Evoca-se na sombra uma inquietude
uma alteridade disfarçada...
Inquilina de todos nossos riscos...
A juventude plena e sem planos... se esvai
O parto ocorre. Parto-me.
Aborto certas convicções.
Abordo demônios e manias
Flagelo-me
Exponho cicatrizes
E acordo os meus, com muito mais cuidado.
Muito mais atenção!
E a tensão que parecia não passar,
“O ser vil que passou pra servir...
Pra discernir...”
Pra pontuar o tom.
Movimento, som
Toda terra que devo doar!
Todo voto que devo parir
Não dever ao devir
Não deixar escoar a dor!
Nunca deixar de ouvir...

com outros olhos!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Realidade... (David Bohm)

Realidade é o que tomamos como verdade
O que tomamos como verdade é o que acreditamos
O que acreditamos é baseado em nossas percepções
O que percebemos depende de o que procuramos
O que procuramos depende do que pensamos
O que pensamos depende do que percebemos
O que percebemos depende do que acreditamos
O que acreditamos depende do que achamos ser verdade
O que achamos ser verdade é nossa realidade.


David Bohm (1917-1992) elaborou o trabalho intitulado Uma proposta de interpretação da teoria quântica em termos de "variáveis escondidas", que marcou a história das interpretações desta teoria. Com esse trabalho buscava uma descrição causal e objetiva para os fenômenos quânticos.
Quando o trabalho foi publicado ele se encontrava no Brasil trabalhando na USP, onde permaneceu de outubro de 1951 a janeiro de 1955. Veio para cá por ser perseguido pelo Macarthismo nos Estados Unidos.

Obama, por Saramago



Donde saiu este homem? Não peço que me digam onde nasceu, quem foram os seus pais, que estudos fez, que projeto de vida desenhou para si e para a sua família. Tudo isso mais ou menos o sabemos, tenho aí a sua autobiografia, livro sério e sincero, além de inteligentemente escrito. Quando pergunto donde saiu Barack Obama estou a manifestar a minha perplexidade por este tempo que vivemos, cínico, desesperançado, sombrio, terrível em mil dos seus aspectos, ter gerado uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e coletiva, de respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na vida.

Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo dos poderosos, esses mesmos que, a partir de hoje (tenham-no por certo), vão vestir à pressa o novo figurino e clamar em todos os tons - “Eu também, eu também”. Barack Obama, no seu discurso, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O mundo pode ser melhor do que isto a que parecemos ter sido condenados. No fundo, o que Obama nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós já o vínhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja boa para que tentemos pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para começar.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Ao meu fruto proibido...



I have got you under my skin
I've got you deep in the heart of me
So deep in my heart, you're really a part of me
I've got you under my skin.

I have tried so not to give in
I have said to myself this affair never gonna go so well
But why should I try to resist, when baby I know so well
That I've got you under my skin.

I would sacrifice anything come what might
For the sake holding you near
In spite of a warning voice that comes in the night
And repeats, repeats in my ear

Don't you know little fool blue eyes, you never can win
Use your mentality, wake up to reality,
But each time that I do, just the thought of you
Makes me stop before I begin,
'Cause I've got you under my skin

I`d sacrifice anything come what might
for the sake of having you near
in spite of a warning voice
That comes in the night and repeats,
how it yells in my ear

Don't you know you fool, you never can win
Why not use your mentality, wake up, step up to reality
And each time I do, just the thought of you
Makes me stop just before I begin
'Cause I've got you under my skin
Yeah, I love you under my skin

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Iris (Goo Goo Dolls)

And I'd give up forever to touch you
'Cause I know that you feel me somehow
You're the closest to heaven that I'll ever be
And I don't want to go home right now
And all I can taste is this moment
And all I can breathe is your life
And sooner or later it's over
I just don't want to miss you tonight

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

And you can't fight the tears that ain't coming
Or the moment of truth in your lies
When everything feels like the movies
Yeah you bleed just to know you're alive

And I don't want the world to see me
'Cause I don't think they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am
And I don't want the world to see me
'Cause I don't think they'd understand
When everything's made to be broken
I just want you to know who I am

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Ano novo...



Enfim o ano começou...é estranho como as esperanças são renovadas neste período, porque só agora??? Aí vão as de sempre...

Prometer menos, Comer menos, Beber menos, Exercitar mais, Trabalhar menos, Ler mais, Sorrir mais, Chorar menos, Beijar mais, Abraçar mais, Correr mais, Ansiar menos, Ouvir mais, Falar muito menos, Sentir mais, Fazer mais e todas outras promessas de hábitos mais saudáveis para o corpo, para mente e para o espírito...

A pergunta que não quer calar é "Porque não fazemos isto de três em três meses???"

Tenho uma proposta, o ano a partir de hoje terá três meses, assim nossas esperanças se renovarão quatro vezes num período de doze meses.

Um ano só tem doze meses porque é o tempo que terra demora para dar a volta no Sol e como fã de Astronomia grito bem alto a todos os ventos FODA-SE.

Eu não vejo a Terra girando em torno do Sol, fora que este papo de quatro estações é uma grande baboseira para quem mora em São Paulo (4 estações do ano em apenas 1 dia), Londres (é frio) ou até Rio de Janeiro (é quente), não passa de uma grande jogada de Marketing para você renovar seu armário.

Quero mesmo é uma festa de Reveillon a cada três meses...bem que a gente merecia!!!

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Não apenas escrevi mas também mandei...

Nos últimos dias venho tentando organizar uns e-mails antigos, eis que me deparo com uma antiga carta romântica que escrevi para alguém que acabei perdendo contato.

O engraçado disto é lembrar das coisas que passavam pela minha cabeça, da intensidade de um sentimento não correspondido, do momento que eu estava vivendo, meu medo e minha coragem.

Este ano de 2008 posso dizer que me apaixonei, me senti vivo...não pelo sentimento, mas por ter entrado de cabeça, ter feito diferente e não ter me submetido ao medo de ser feliz, percebi que tentei e não me arrependo.

Chega de bla bla bla...aí vai a carta e no final uma pergunta...

Nós dissemos que não sabemos se não, mas também nunca tivemos certeza que sim. Será que em algum momento deixamos vir do coração? Nós levamos a sério e ainda disfarçamos?

Houve dias que eu ficava sozinho em casa e batia aquela coisinha, que costuma incomodar às vezes, e tudo o que esperava era que alguém entrasse pela porta naquela hora, dissesse que me adora e em apenas meia hora mudasse minha vida...mas nada é tão simples.

Nas madrugadas que estive sozinho, eu queria apenas um pouco de carinho... nessas noites frias que o silêncio traz a solidão, sabe? Queria encontrar alguém que pudesse falar sobre meu sentimento e fizesse esquecer dos desenganos e apagasse de vez a dor...mas ninguém (nem eu) parou para pensar...ninguém (nem eu) parou para me ajudar...

Em alguns dias o pensamento era de te encontrar de qualquer jeito nem que fosse só pra te levar pra casa depois de um dia normal, olhar teus olhos de promessas fáceis e te beijar a boca de um jeito que te fizesse rir...

Aliás, que sorriso, que risada...a risada que eu sempre quis, a risada mais gostosa e que em algum momento me fez achar que vida pode ser maravilhosa...e tenho certeza que pode, porque ela é.

Hoje já não sei se há mais tempo porque ele escorreu pelas nossas mãos, mesmo sem a gente sentir... e sabemos que não há tempo que volte, mas não sabemos se vivemos tudo que havia para ser vivido...Será que nos permitimos? Realmente não sei...

Tudo que sei é que consegui enxergar o quanto és divina e graciosa como uma estátua majestosa, que com muito amor, por Deus foi esculturada e foi formada com ardor da alma da mais linda flor e mais ativo olor...

Não sei se meus medos foram maiores do que eu, mas tenho consciência de que tentei e ainda tento...posso não ter usado os caminhos certos, mas tentei...talvez não com atitude necessária, talvez pudesse ter arriscado um pouco mais...sei lá...

De tudo que foi dito e no pouco que foi vivido, percebi que você talvez fosse a pessoa que eu procurava, enquanto eu andava por aí tentando encontrar alguém que fizesse com que eu deixasse a tristeza e trouxesse a esperança em seu lugar...minha dádiva, mas esta paixão que foi vivida por mim apenas, infelizmente não foi além das palavras,palavras apenas, palavras pequenas, palavras momento, mas acredito que nenhuma delas foram palavras ao vento pois o sentimento cresceu mesmo sem ser alimentado.

Não sei, não sei, não sei...acho que muito do que precisava ser dito já foi dito, mas sempre usando palavras com "SE", "TALVEZ" ,verbos no pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do pretérito...quando na verdade eu queria era apenas um verbo poeticamente intransitivo...

Então pergunto...O que você faria se recebesse uma carta assim???

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Apologia ao Silêncio


Curso de Escutatória (Rubem Alves)

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir.
Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.
... Escutar é complicado e sutil, diz Alberto Caeiro que 'não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma'.
Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: - Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...
Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios.
Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio.
Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.
Na nossa civilização, se eu falar logo e logo a seguir fico em silêncio, são duas as possibilidades.
Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado.
Segunda: Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.
O longo silêncio, na verdade deve querer dizer: 'Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou'. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.
A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A quem servir...

Para quem é bom em julgar, peço desculpas por não ser exatamente aquilo que você espera.
A você que se vê num nível superior, que pensa ter as melhores respostas, peço desculpas por te surpreender quando não sou quem você pensa, aliás isto só demonstra uma coisa, você está na média assim como qualquer um de nós.
E Sim, a média é Medíocre.
Se evoluir é ser como você, prefiro minha vida de macaco na qual uso as ferramentas que a natureza me dá.
Te amo tem um bom tempo, mas em suas dúvidas deste sentimento sobra o seu medo de ser amada. Nunca chorei por isso e acho que isto não vai acontecer...
Sua confusão entre um ato de carinho e um ato de forçar algo que não existe ultrapassa a linha do ridículo não apenas diante dos meus olhos e sim de todos que estão a nossa volta.
Seu ciúmes já não fere mais porque agora sei que ele é mais crônico do que a bronquite do meu irmão.
Até tenho mais a dizer, portanto se a carapuça lhe servir me procure...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

E daí?




Não é todo dia que se ouve algo deste nível...

(Milton Nascimento e Ruy Guerra)

Tenho nos olhos quimeras
Com brilho de trinta velas
Do sexo pulam sementes
Explodindo locomotivas
Tenho os intestinos roucos
Num rosário de lombrigas
Os meus músculos são poucos
Pra essa rede de intrigas
Meus gritos afro-latinos
Implodem, rasgam, esganam
E nos meus dedos dormidos
A lua das unhas ganem
E daí?

Meu sangue de mangue sujo
Sobe a custo, a contragosto
E tudo aquilo que fujo
Tirou prêmio, aval e posto
Entre hinos e chicanas
Entre dentes, entre dedos
No meio destas bananas
Os meus ódios e os meus medos
E daí?

Iguarias na baixela
Vinhos finos nesse odre
E nessa dor que me pela
Só meu ódio não é podre
Tenho séculos de espera
Nas contas da minha costela
Tenho nos olhos quimeras
Com brilho de trinta velas
E daí?

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Altruísmo ou Egoísmo???

Algumas semanas atrás em uma festa, eu estava conversando com alguns amigos quando mais uma vez veio o assunto Isabella Nardoni, de fato não é um assunto muito legal para ser falar em uma festa, tentei mudar o rumo da prosa mas a pessoa insistiu em continuar falando mesmo quando não estava agradando, algumas pessoas se afastaram, mas eu não

Pessoa – Nossa que coisa horrível fizeram com aquela menina Isabella, né? Onde é que este mundo vai parar...estou extremamente abalada, tenho chorado quase todos os dias.

Pela inconveniência da pessoa, não resisti e deixei falar por uns 20 min sobre o caso, ela sabia o nome dos advogados, quantas páginas já tinha o processo, quais eram as possibilidades de condenação e todas possíveis penas que teriam que cumprir o tal casal assassino. Ah...importante dizer que a pessoa não era advogada, mas estava com o código penal na ponta da língua, afinal a Globo praticamente deu um “Telecurso 2000” de Direito Criminal.

Eis que abri minha boca grande, já que não sou o fã nº 1 da pessoa e estava um pouco alcoolizado, achei pertinente levantar algumas coisas, no princípio foi por um pouco de provocação, mas depois o assunto ficou mais sério.

Eu – Você ficou sabendo, do menino que morreu de fome no nordeste esta semana???

Ela – Não...- com uma cara de não muitos amigos por ser interrompida enquanto demonstrava seu “sofrer” – não estou sabendo não, mas o que isto tem a ver com esta nossa conversa?

Eu – Tudo...

Ela – Como assim tudo, a menina foi assassinada, foi um crime que abalou todo mundo, você não se sentiu abalado?

Eu – De verdade não, não foi uma pessoa próxima, não foi em minha família. Achei uma coisa horrível realmente, ela não merecia, mas não posso ser hipócrita em afirmar que me abalei porque não estaria sendo verdadeiro, nem comigo e nem com as pessoas a minha volta. Veja do seguinte ponto...não é estranho você se abalar com a morte de uma criança brutalmente assassinada que a mídia resolveu explorar o caso e não se abalar com a morte de outra criança brutalmente assassinada?

Ela – Mas uma morreu assassinada e a outra morreu de fome.

Eu – E ser vítima da fome não é a mesma coisa que ser assassinada em um país considerado o segundo maior produtor de grãos do mundo, primeiro em exportação de carne...se isto não é assassinato, não sei o que é então.

Silêncio...

Quero deixar claro aqui que não estou diminuindo a morte de nenhuma das duas crianças e nem dizendo que as dores geradas às mães de ambas são diferentes, mas estranho quando passamos a achar importante só aquilo que nos é jogado na cara, ou seja, o que a Globo resolve colocar no ar.

Antes de ser criticado pelo que falei, quero dizer que não fiquei feliz pelo caso trágico que acompanhamos, mas fiquei assustado ao observar como as coisas passam pelos seres humanos, temos a estranha ou fantástica capacidade de relevar os fatos e prestar atenção apenas naquilo que nos interessa e me assusto ainda mais quando vejo pessoas interessadas na questão somente porque a mídia mostrou.

Não estou dizendo que sou uma pessoa exemplar e assumo que faço muito menos do que eu poderia pelas pessoas, assumo também que minhas preocupações estão muito mais ligadas ao que me interessa, sendo família, trabalho, amigos e eu mesmo.

Egoísta talvez, mas quem não é? Sei que tenho bondade em meu coração, compartilho da forma que posso ou quero, já me disseram que sou uma pessoa altruísta, é bem possível que sim, mas só se for no conceito budista.

No budismo, o altruísmo é considerado o caminho que nos leva à iluminação. Uma atitude altruísta pode ser interpretada como caridade se bem relacionada com os interesses do próximo. Agir de forma altruísta, é dar-se ou beneficiar alguém em troca dos mesmos prazeres. Por ser uma atitude de divisão, não se trata de um pensamento egoísta, no entanto, uma atitude altruísta pode ser confundida com egoísmo, quando misturamos nossos prazeres pessoais com a insatisfação de quem os recebe. No budismo, ser altruísta em geral é muito positivo, além do grande prazer em dedicar-se ao outro, cria laços de confraternização, o que nos faz crescer interna e externamente. Quando reconhecemos as necessidades alheias, sentimos nossa percepção do mundo ampliar. A vida tem significados maiores quando somos úteis e nos sentimos mais ativos socialmente.